Monday, October 24, 2005

Para quando o Apocalipse?

É verdade... para quando? É extremamente curioso para um historiador a maneira como algumas coisas se repetem na História, ou pelo menos, parecem fazê-lo. Não quero entrar nas questiúnculas relativas à linearidade ou ciclicidade do tempo, mas é notável como as coisas parecem ser semelhantes, especialmente, quando estão em causa grandes períodos cronológicos.
Fico furiosa quando altercam que a historiografia não é uma ciência... que não fazemos trabalho de laboratório, não lidamos com amostras, e muito menos providenciamos resultados passíveis de serem verificados. Mas como é que se faz isso quando o objecto de estudo é, em última instância o Homem, e o nosso laboratório bibliotecas e arquivos? Impossível diriam uns, mas eu contradigo. Afirmo que há espaço para demonstrar a prova, e que a prova não tem que ser obrigatoriamente feita de números ou resultados de experiências químicas. Não, o Homem é um objecto especial, e o estudo das suas vertentes social, antropológica, psicológica e cultural fornecem-nos dados impossíveis de obter num tubo de ensaio, e essenciais para a compreensão do Homem no Mundo. Sendo assim, cada vez que diminuirem o nosso trabalho em prol do que é feito num dito "laboratório científico", vão-me ter à perna a contestar.

Comecei por perguntar para quando o Apocalipse, não foi? É que a época que vivemos é tão semelhante em circunstâncias de caos e de tensão como aquelas em que a maioria dos textos apocalípticos foram escritos... Por isso é que eu dizia que a História se parecia repetir, não nos acontecimentos simples, mas nas condicionantes. Se olharmos para o nosso mundo e para aquilo que conhecemos do século II a.C. há coisas que nos são demasiado familiares... Recomendava a leitura de alguns livros de Flávio Josefo, boa leitura de cabeceira e uma óptima fonte de informação que pode até ser chocante na forma como relata factos que parecem pertencer ao nosso quotidiano.

Boa leitura!